Já em 1971 a imprensa automobilística brasileira de nível nacional, reduzida às revistas Quatro Rodas e Auto Esporte, não era muito dada a cobrir eventos automobilísticos que não fossem de primeira ordem, em praças que não fossem Interlagos, Tarumã ou Rio de Janeiro. Explica-se: havia diversos brasileiros nas corridas européias e esta cobertura rendia mais vendas e havia pouco espaço nas revistas, que também cobriam outras pautas. Assim, para os menos avisados dá-se a impressão de que não ocorriam corridas fora destes lugares ou provas de menor grandeza pelo Brasil afora. Mas o fato é que eram realizadas provas no Nordeste, no interior de Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Paraná e também no Planalto Central, que acabavam sendo cobertas meramente pela imprensa local.
Pelo menos uma corrida realizada em Cascavel naquele ano merecia cobertura na AE e QR, por ser tecnicamente uma prova internacional, que contou com a presença de um dos principais pilotos brasileiros da época, Pedro Victor de Lamare e seu Opala número 84. Foi a terceira edição da Cascavel de Ouro.
Naquela época o circuito de Cascavel ainda não tinha asfaltamento, portanto era uma pista de terra. Ainda assim, Zilmar Beux, presidente do autódromo, e um comitê formado para a realização da Cascavel de Ouro conseguiram atrair 30 inscritos, que incluíam além de Pedro Victor de Lamare e Wilson Sapag, de São Paulo, pilotos do Paraguai que faziam desta uma prova internacional. Além disso, foram inscritos pilotos de Curitiba, diversas outras cidades do interior do Paraná como Ponta Grossa e Umuarama e do Rio Grande do Sul. O primeiro prêmio era de CR$8.000,00, quantia razoável para a época, além do troféu Cascavel de Ouro.
A corrida foi disputada por protótipos e carros de turismo. Entre os protótipos, estavam inscritos o Manta-VW de Luis Moura Brito, o Protótipo Ford de Zilmar Beux, o Protótipo Dodge de Jaci Pian, o Prot. Opala com Bruno Castilho e o Bi-Motor com Juca Baldo. O Puma não era um protótipo, mas àquela altura era considerado um carro da Divisão 4, e Pedro Muffato tocava um bem preparado modelo da marca. Raul Von Humbeck e Humberto Bittar eram os paraguaios, com FIAT, e além de Pedro Victor, Milton Amaral, Jose Voltaire Castilho, Luis Dassoler, Afonso Ebbers e Paulo Mistchied corriam de Opala. Também corriam um Simca, um JK e um Corcel, além da habitual tropa de Fuscas, dentre os quais se destacavam José Chemin e Carlos Eduardo Andrade.
Pedro Victor de Lamare marcou o melhor tempo nos treinos, seguido de Moura Britto, Pedro Muffato e Zilmar Beux.
A corrida foi dividida em três baterias. A primeira bateria teve 45 voltas, e logo de cara Pedro Victor disparou, seguido de Moura Brito. O paulista nunca teve muita sorte em Cascavel, e já na oitava volta Moura Brito o ultrapassou. Na vigésima primeira volta o Opala número 84 abandonou a prova, após uma pequena batida. Com isso Moura Brito teve certa facilidade, vencendo a bateria superando Chemin, Muffato, Pian e Beux.
Na segunda bateria, Pedro Victor participou novamente, mas abandonou na décima segunda volta, alegando não enxergar nada por causa da poeira. Moura Brito continuava a liderar, mas cedeu sob pressão de Pedro Muffato, e logo depois parou, também alegando não enxergar a pista. Assim, a segunda bateria foi encurtada para 22 voltas, com vitória de Pedro Muffato, seguido de Chemin, Pian e Carlos Eduardo Andrade.
Logo ficou claro que os pilotos de grandes centros, acostumados com asfalto, tinham dificuldades com a poeira levantada em pistas de terra e consequente falta de visibilidade. Isto obviamente impediria o avanço do automobilismo local, enquanto a pista não fosse asfaltada.
Assim, a terceira bateria teve somente 20 voltas, sem Pedro Victor e Moura Brito, as duas estrelas da corrida, com anuência dos 18 pilotos participantes. Pedro Muffato ganhou com facilidade, seguido de Jose Chemin, que era da mesma equipe, embora tocasse um VW.
Na classificação final, Muffato ficou com as honras, seguido de Jose Chemin, Jaci Pian, Carlos Eduardo Andrade, Paulo Mitchiski, Luis Farina e Zilmar Beux. O melhor estrangeiro foi o paraguaio Van Umbeeck, que chegou em 13o. Pedro Victor ficou em 19o. lugar.
Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo.
Pelo menos uma corrida realizada em Cascavel naquele ano merecia cobertura na AE e QR, por ser tecnicamente uma prova internacional, que contou com a presença de um dos principais pilotos brasileiros da época, Pedro Victor de Lamare e seu Opala número 84. Foi a terceira edição da Cascavel de Ouro.
Naquela época o circuito de Cascavel ainda não tinha asfaltamento, portanto era uma pista de terra. Ainda assim, Zilmar Beux, presidente do autódromo, e um comitê formado para a realização da Cascavel de Ouro conseguiram atrair 30 inscritos, que incluíam além de Pedro Victor de Lamare e Wilson Sapag, de São Paulo, pilotos do Paraguai que faziam desta uma prova internacional. Além disso, foram inscritos pilotos de Curitiba, diversas outras cidades do interior do Paraná como Ponta Grossa e Umuarama e do Rio Grande do Sul. O primeiro prêmio era de CR$8.000,00, quantia razoável para a época, além do troféu Cascavel de Ouro.
A corrida foi disputada por protótipos e carros de turismo. Entre os protótipos, estavam inscritos o Manta-VW de Luis Moura Brito, o Protótipo Ford de Zilmar Beux, o Protótipo Dodge de Jaci Pian, o Prot. Opala com Bruno Castilho e o Bi-Motor com Juca Baldo. O Puma não era um protótipo, mas àquela altura era considerado um carro da Divisão 4, e Pedro Muffato tocava um bem preparado modelo da marca. Raul Von Humbeck e Humberto Bittar eram os paraguaios, com FIAT, e além de Pedro Victor, Milton Amaral, Jose Voltaire Castilho, Luis Dassoler, Afonso Ebbers e Paulo Mistchied corriam de Opala. Também corriam um Simca, um JK e um Corcel, além da habitual tropa de Fuscas, dentre os quais se destacavam José Chemin e Carlos Eduardo Andrade.
Pedro Victor de Lamare marcou o melhor tempo nos treinos, seguido de Moura Britto, Pedro Muffato e Zilmar Beux.
A corrida foi dividida em três baterias. A primeira bateria teve 45 voltas, e logo de cara Pedro Victor disparou, seguido de Moura Brito. O paulista nunca teve muita sorte em Cascavel, e já na oitava volta Moura Brito o ultrapassou. Na vigésima primeira volta o Opala número 84 abandonou a prova, após uma pequena batida. Com isso Moura Brito teve certa facilidade, vencendo a bateria superando Chemin, Muffato, Pian e Beux.
Na segunda bateria, Pedro Victor participou novamente, mas abandonou na décima segunda volta, alegando não enxergar nada por causa da poeira. Moura Brito continuava a liderar, mas cedeu sob pressão de Pedro Muffato, e logo depois parou, também alegando não enxergar a pista. Assim, a segunda bateria foi encurtada para 22 voltas, com vitória de Pedro Muffato, seguido de Chemin, Pian e Carlos Eduardo Andrade.
Logo ficou claro que os pilotos de grandes centros, acostumados com asfalto, tinham dificuldades com a poeira levantada em pistas de terra e consequente falta de visibilidade. Isto obviamente impediria o avanço do automobilismo local, enquanto a pista não fosse asfaltada.
Assim, a terceira bateria teve somente 20 voltas, sem Pedro Victor e Moura Brito, as duas estrelas da corrida, com anuência dos 18 pilotos participantes. Pedro Muffato ganhou com facilidade, seguido de Jose Chemin, que era da mesma equipe, embora tocasse um VW.
Na classificação final, Muffato ficou com as honras, seguido de Jose Chemin, Jaci Pian, Carlos Eduardo Andrade, Paulo Mitchiski, Luis Farina e Zilmar Beux. O melhor estrangeiro foi o paraguaio Van Umbeeck, que chegou em 13o. Pedro Victor ficou em 19o. lugar.
Carlos de Paula é tradutor, escritor e historiador de automobilismo.