Tuesday, February 26, 2013

Inauguração do autódromo de Cascavel



Quer dizer, não foi bem a inauguração do autódromo. Foi a inauguração da pista asfaltada, pois o autódromo de Cascavel, com pista de terra, já existia há alguns anos. É verdade que no molde de certos autódromos ainda existentes no Paraná e Santa Catarina, alguns com a pomposa designação de 'Autódromo Internacional'. Pois Cascavel foi o primeiro autódromo asfaltado do interior do Brasil.

Era 1973. A pista já tinha sido interditada pela Federação Paranaense, que proibira as corridas em pistas de terra. Na realidade, a imprensa nacional noticiou com certo alarde que a influência do piloto prefeito, Pedro Muffato, fora essencial para a realização do empreendimento. Seria a mesma coisa se a presidência do Brasil fosse ocupada pela Lula Gancia - e não o outro Lula. Em uma semana reformariam a curva do Café em Interlagos. Bem, mas aí é outra história. Deixa pra lá.

Muitas fontes dizem, com todas a letras, que o autódromo foi obra de Muffato. Na realidade, à frente do projeto estava Zilmar Beux, que formou uma S.A. (Muffato era um dos sócios, e chegou a ser diretor, mas estava afastado em 1973) que construiu o autódromo de terra em 1970. Em 1973, o presidente da S.A. do autódromo era o mesmo Beux. Mais sobre o assunto na seguinte série de artigos http://brazilexporters.com/blog/index.php?blog=5&s=cascseries&sentence=AND&submit=Search

O fato é que nem precisou de verbas federais ou estaduais ou municipais. Em parcos 38 dias os sócios do autódromo não só asfaltaram a pista, mas construiram um amplo estacionamento, túnel de acesso, dez lanchonetes, sanitários, área de camping e instalações de água e eletricidade. Diziam os donos que havia capacidade para 60.000 pessoas, que na época devia ser a população inteira de Cascavel!!!

Para o nível de 1973 estava ótimo, pois Cascavel passava a ser o quinto autódromo do País, mas eventualmente a pista foi deixada ao léu e ficou muito decadente. Bem, isso também é outro caso.

A inauguração do 'Novo Cascavel' se deu em 24 de abril, com provas de Divisão 3 e 4. Diversos pilotos de São Paulo e o gaúcho Vitorio Andreatta compareceram, e das quatro categorias, os paulistas ganharam duas, e paranaenses, duas.

Dezesseis carros largaram na Divisão 4, sendo 10 da classe A e 6 da classe B. Os carros eram, em sua maioria, Mantas produzidos no Paraná, com diversos motores diferentes. De fato, de modo geral havia uma boa variedade de motores, VW, Corcel, FNM, Simca, Chrysler e Opala, além do protótipo Bimotor, com dois motores VW.

Quem acabou levando o caneco foi Alfredo Guarana Menezes, em sua única corrida de Divisão 4. Pilotando um Manta-VW, Guarana fez 40 voltas, na soma das duas baterias, seguido dos paranaenses Sergio Benoni Sandri e Luis Moura Brito. O carro da classe B que fez mais voltas foi Pedro Muffato, que abandonou a uma volta do final da segunda bateria, mas ainda assim ganhou na classe B, levando também a primeira bateria. Fez três voltas a mais do que Favarin com o Bimotor, e 8 voltas a mais do que Jan Balder. Avallone e Pedro Victor também estiveram presentes mas quebraram. Na classe A, fez surpresa a aparição de Chiquinho Lameirão em um Polar-Corcel.

Na Divisão 3, os paranaenses também ganharam na classe maior, e os paulistas, na menor. Celso Frare ganhou na C, chegando á frente de Dado Andrade, Nelson Silva e Vitorio Andreatta. Altair Barranco, piloto da época das carreteras, chegou em sexto. Todos com Opala.
Na Classe A, Mario Glauco Patti Junior fez uma excelente corrida de recuperação, e após passar em décimo segundo na primeira volta, conseguiu superar Yoshikuma, Chemim, Brasilio Terra, Emilio Pederneiras e Chateaubriand, que corria desta feita com VW.Teve uma bela vitória o Keko.

Foi um lindo dia de festa, diziam os organizadores que havia 40.000 pessoas no autódromo. Provavelmente um exagero, mas Cascavel foi definitivamente posta na mapa do automobilismo nacional. Naquele mesmo ano abrigaria provas de Divisão 4 e 3 do campeonato nacional, além da Cascavel de Ouro, no fim da temporada.
Meus agracedimentos a Ricardo Cunha

No comments:

Post a Comment