Tuesday, March 5, 2013

As 3 horas que viraram duas



Os primeiros anos de vida do Autódromo de Curitiba não foram fáceis. Inaugurado em 1967, realizavam-se poucas corridas de expressão nacional na pista, apesar do amor paranaense pela velocidade. Houve uma grande deixa, o fechamento do autódromo de Interlagos para reformas, em 1968 e 1969, mas infelizmente quem se deu bem foi o autódromo do Rio, que concentrou as atenções e corridas nesses dois anos.

Em 1970 duas grandes corridas já haviam sido realizadas no autódromo - a etapa do Torneio BUA de Fórmula Ford, que foi a primeira corrida internacional em Curitiba, e a prova Paulo Pimentel, já coberta num posting anterior.

O autódromo de Curitiba estava incluído no bem intencionado Campeonato Brasileiro de Pilotos, com a prova 3 Horas. Entretanto, em outubro já ficava claro que o tal campeonato não existiria, pois nenhuma das provas programadas havia sido realizada até então. Daí as 3 horas de Curitiba na realidade viraram 2 Horas, e não contavam pontos para nada.
Embora Interlagos estivesse operando com todo fogo, Tarumã ainda não havia sido inaugurado e o autódromo do Rio estava dormente. Fortaleza, nem contar, só tinha provas regionais. Assim que, ao contrário da Prova Paulo Pimentel, que só atraiu um piloto paulista, a corrida realizada em 11 de outubro tinha alguns dos melhores pilotos e carros do Rio de Janeiro e São Paulo, além de representantes do Paraná e do Rio Grande do Sul. De certa forma, houve uma redenção do fiasco de março.

A Equipe Jolly compareceu com Alfas para Leonardo Campana (27) e Jose Renato Catapani (94), a grande revelação do ano. A CEBEM trouxe duas BMW, para Jan Balder e Roberto Dal Pont. Norman Casari, recém chegado da sua temporada européia, trouxe o protótipo A1 para ele e o AII para Renato Peixoto. Mario Olivetti inscreveu seu Porsche 910, o franco favorito, portando as cores da Hollywood. Camillo Christofaro increveu sua famosa carretera Chevrolet 18, uma das três carreteras incritas. As outras duas, ambas Ford, foram inscritas pelos paranaenses Angelo Cunha e Dalton Slavisky. Eduardo Celidonio inscreveu seu protótipo Snob's, e outro habitué das corridas, Pedro Victor de Lamare, estava presente com seu Opala. Outro Opala presente foi o de Carlos Alberto Sgarbi. Havia três Pumas inscritos, para Jose Pedro Chateaubriand, Sergio Louzada e Freddy Giorgi. Dois Fuscas foram inscritos por dois pilotos paranenses que obteriam bastante fama nos anos 70 e que de fato correram juntos ocasionalmente, Carlos Eduardo Andrade e Edson Graczyk, enquanto Ricardo di Loreto participava da prova com um raro Karmann Ghia-VW. Luis Carlos Morais inscreveu um protótipo Patinho Feio e Vladimir Pereira estava presente com um AC-VW.

Um dos fatos mais interessantes da prova é que foi a única corrida brasileira, que eu saiba, na qual apareceram dois protótipos bi-motores. Pedro Muffato estava inscrito com o bi-motor de Cascavel, figura carimbada no automobilismo paranaense desde 1967, e que sobreviveu nas pistas até 1974, com diversas combinações de motores. Nessa versão, tinha um motor DKW e um VW. Do Rio Grande do Sul veio o protótipo Aragano, com Dino de Leone, que optava por dois motores DKW. Nem um, nem outro foi muito rápido nos treinos ou na corrida, mas aumentaram bastante a diversidade. Muffato terminou em décimo.

Duas raridades - o prot. Haragano bi-motor (DKW) e um KG com motor VW em corridas no Sul
Outro inscrito famoso era Jaime Silva, com o Fúria FNM que se acidentou nos treinos e não pode participar da prova. Altair Barranco não inscreveu seu Opala nessa corrida, somente na prova específica para carros da Divisão 3, a qual tinha grandes chances de ganhar.

Camilo marcou o segundo tempo, só perdendo para Olivetti com o 910, e foram eles que lutaram bastante no início da prova, seguidos de Casari que largou bem. Cabe lembrar que o autódromo de Curitiba nessa época não tinha o circuito misto, e era quase um oval sem curvas fechadas, portanto, com altas médias. A carretera de Camilo ainda era veloz em 1970, mas tinha a tendência de quebrar e deixar o veterano na mão. Foi exatamente isso que ocorreu na sétima volta, abrindo bastante o caminho para o domínio completo de Olivetti. Diversos pilotos ocuparam o segundo lugar, entre os quais De Lamare e Campana, mas na bandeirada final a ordem foi Olivetti, Catapani, Campana, De Lamare, Luis Carlos Moraes e Louzada. Assim se deu a primeira vitória do 910 com Olivetti.

Na corrida destinada a carros da D3, infelizmente Barranco não conseguiu a vitória desejada desde março. Seu carro pegou fogo na vigésima-segunda volta, deixando o caminho livre para Sgarbi, já que de Lamare resolveu não disputar essa prova. O segundo colocado foi Angi Munhoz, com um Fusca, seguido de Edson Graczyk com Fusca e Mauricio Rosemberg com Opala. Diversos FNM correram, entre os quais os carros pilotados por Ugo Galina, Ricardo Valente, Jair Dal'Oglio e Roberto Ribeiro Lima, mas o melhor carro da marca chegou em sexto lugar, com Galina.

1 comment:

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